
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Basta pensar nas oportunidades queescaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéiasque nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto me, ás vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna;oumelhor, não me pergunto, contesto.A resposta eu sei de cor, estáestampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços,na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.A paixão queima, o amor enlouquece, e o desejo trai. Talvez essesfossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir onada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o marnão teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons decinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenasamplia o vazio que cada um traz de si. Pros erros há perdão; prosfracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adiantacercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim éinstantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque,que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destinoe acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendoque planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morreesteja vivo, quem quase vive já morreu!
(Luiz Fernando Veríssimo)
"I heard the words come out
I felt that I would die
It hurt so much to hurt you..."
(Evanescence-Forgive Me)